sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Que tudo mais vá pro inferno, meu bem"

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Ao invés de vê-lo fui lixar as unhas e dormir. A troca foi ótima.
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Recusei todos os convites de feriadão. Aviso aos navegantes: a promoção acabou!
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Beber, agora, só se for enjaulada, acorrentada e sob vigilância das amigas.
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Eu sei, sou exagerada.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Sexta, 16/10/09

Aos poucos fui abusando das noites, das cervejas e dos mesmos carinhas idiotas que só querem te comer, na cara dura. Fechei para balanço, como já fiz outras vezes. Não sei por quanto tempo vou querer ficar assim, sóbria em plena sexta à noite, assistindo filmes adocicados e me preservando das ciladas tão bem conhecidas. A gente até pensa que está na vantagem, que também só quer diversão sem compromisso, mas isso é uma grande mentira para si mesmo. Depois, o buraco que fica, nem uma carrada de concreto é capaz de tapar. Cansei de servir de consolo para rapazolas sozinhos em fim de noite. Meu corpo é meu templo, é onde habito, e não vou permitir qualquer um entrar assim, sem respeito, sem carinho, sem vontade de ficar. É um caminho inverso que vou fazer a partir de agora. Ou o caminho de volta. Vou tentar me achar lá onde desencontrei de mim mesma, no lugar onde deixei escapar meus valores mais preciosos. Sei onde fica, e é dolorido voltar lá. Vai ser um encontro amargo, cheio de remorsos e dores, porque sei que vou encontrar as pessoas que me fizeram ser quem hoje sou. Perdi toda a confiança que tinha no amor, na verdade, na fidelidade, na inocência do sentimento por conta de uns lobos em pele de cordeiro que atravessaram o meu caminho. Fui me transformando em alguém sem escrúpulos também. Cada mentira que eu descobria dos meus namorados, ia arquivando, e depois, utilizando contra os próximos namorados que pretendiam me fazer de idiota. Fui aprimorando técnicas de como enganar o merdinha que pensa que está te enganado. Aprendi a mentir olhando nos olhos, aprendi chorar para chantagear (homens não sabem o que fazer com as lágrimas), aprendi a fingir desculpar algum erro grave só para ter tempo de arquitetar uma vingança cruel. O tempo todo eu fingi e enganei. Trai todos meus namorados. É que não consigo confiar nos homens. Acho que eles são todos mentirosos. Eu bem que tentei ser correta no início da minha vida amorosa, até que descobri que ele havia ido para uma festa escondido, sem me dizer. Se não disse é porque tinha má intenção. Vi que se não começasse a agir ali mesmo, seria uma mulherzinha o resto da vida. E o trai, com um colega de colégio, na hora do recreio. Fiquei arrependida, mas não contei nada. Nessa altura do campeonato já sabia que os homens são machistas e não perdoam traição. Mas não demorou muito e beijei outro menino. Um colega de estágio. Pronto! Já não tinha mais volta. Seria infiel vida afora.
Cansei. Cansei dessa farsa que são os namoros, dessa farsa que são as noitadas. Quer saber? Talvez o que seja verdadeiro sejam essas noitadas. Ninguém tá ali fingindo que quer ser seu namoradinho. Todo mundo já sabe a que veio e todo mundo fica por uma noite se quiser, sem romancear a coisa. É, é isso. A noite é que é verdadeira. Continuo sem acreditar nos homens e nos namoros. Vejo (e participo) de tantas traições por aí. É de dar nojo. Namoradinhos perfeitos, que traem suas namoradas bobinhas (vai ver que nem são bobinhas – mas ainda acreditam no amor, com certeza). Eu vejo coisa demais. Coisa que nem deveria ver. Isso me cansa. Sim, prefiro acreditar na verdade efêmera da embriaguês, mas cansei disso também. Eu vou é ficar em casa, jogando paciência, vendo filmes sozinha e deixar o circo pegar fogo. Cansei!



Tudo que me pertence (18/10/09)

Então um dia você percebe que tudo que teve um dia, e que o tempo cuidou de tirar de você, é mesmo seu.
Do mesmo jeito que foi embora, sem que se desse conta, as coisas voltam, também sem você se dar conta.
E os dias que estavam fadados a serem vazios se preenchem com tal e com tanta intensidade que você se pega sorrindo sozinha, feliz por perceber que as pessoas têm seu próprio ritmo de querer estar perto ou longe. Você então mais uma vez reafirma o que já sabia, mas que estava esquecido em algum lugar remoto da memória: “Só é seu aquilo que você dá”. Os carinhos dados não foram esquecidos, os beijos recebidos ficaram numa boa lembrança, e, como um alvorecer depois de uma longa noite, o sol volta a brilhar, com tanta luz, que chega a te ofuscar. Felicidade é um estado de graça, onde até os sons mais ordinários ganham notas refinadíssimas. As cores ficam mais vivas, e nada precisa de motivos para ser. Simplesmente o que te rodeia, e consequentemente te pertence, se torna cada vez mais seu, mais nítido. Você muda as músicas que estava ouvindo, sua varanda não é mais solitária e só acorda de tarde, bem tarde, depois de se cansar com tudo que te dá apenas prazer. Você também percebe como perdeu tempo caçando defeitos, mentirinhas bobas e querendo ter posse do que nunca vai poder lhe pertencer. Você tinha tudo de melhor da outra pessoa, sem perceber. Agora sim, você sabe disso e não vai mais cometer os mesmos erros. Todos serão seus amantes e você, daqui pra frente, só terá as coisas boas de cada um deles. Nada de cobrar os que eles não podem ou não querem te dar. Para que? Tudo não é mesmo efêmero, inclusive a própria vida? Para quê querer apenas uma coisa se você pode ter todas? Quanto tempo jogou fora querendo controlar situações incontroláveis? Entregue-se à vida, sem mesquinharias. Afinal, se você pode ter o melhor de cada um deles, por que outras almas femininas não poderiam desfrutar da mesma coisa? Você não é dona mundo, nem quer ser alguém egoísta. Se você tem direito, todas têm. E se não for por bem, com consciência disso, será de outra forma mesmo, às escondidas. Então, vamos parar com essa história de achar que certo alguém tem que ser só seu. Ele não será, mesmo que para exercer esse direito básico, precise mentir. Melhor é ver o que lhe circunda com clareza, conhecer as regras do jogo e só trapacear quando for estritamente necessário. E não escute os covardes que usam a falsa máscara da honestidade incondicional. Quem diz isso já atesta ser a mentira em pessoa. Bem devagar você está se reencontrando com as pessoas mais sinceras que já encontrou na vida. Pessoas que só te deram amor, na forma mais intensa e verdadeira. Pessoas que até hoje continuam te querendo, sem perguntar o que você fez ontem. Elas souberam primeiro que você que amor é um sentimento contínuo e inteiramente livre. Agradeça a elas por fazerem de você alguém melhor, sem amarras. Agradeça e continue sorrindo semana afora.





Preciso achar que tenho alguém (19/10/09)

Estranhamente por esses dias, quando me vi cercada de gente por todos os lados, senti-me a mais só de todas as criaturas. Trago meu coração vazio há anos. Por vezes ele esteve preenchido, solitariamente preenchido. Preenchido por paixões de mão única que acabavam se esvaindo junto com lágrimas que não paravam de cair. Cada paixão não correspondida é um abismo em que me enfio, porque quero, porque preciso não ter o coração vazio. As eventuais companhias me deixam confusa. No dia fico eufórica, entusiasmada e no outro me sinto como se eu fosse uma peneira tentando aparar a ventania. Cada vez fica mais difícil encontrar alguém que eu possa me relacionar e continuar sendo eu mesma. Só tem uma pessoa que sabe exatamente quem sou, e por isso mesmo não consegue ficar comigo. Somos muito parecidos, sabemos muito sobre as mentiras que os homens e as mulheres contam, e seria um inferno se namorássemos. Assim, sem compromisso, conseguimos ser sinceros (e desconfio que não totalmente). Namoro, no ponto em que estamos, implicaria cobranças e desvio de rotas. Não queremos abrir mão de quem somos. Queremos continuar nos vendo e sendo autênticos. A saída é levar a sério o que sentimos, sem que para isso tenhamos que assinar contrato algum (não é você, Johannes). O pior de tudo é que, mesmo querendo preencher o contínuo vazio, não quero abrir mão da minha liberdade, de fazer o que gosto sem ter que dar desculpas esfarrapadas, sem ter que mentir. É praticamente impossível eu encontrar alguém que queira ficar comigo do jeito que sou. Tenho chatice aguda, falo o que dá na telha, gosto de sair sozinha com minhas amigas, gosto de ficar só sem ter que dar explicação, se estou muito cansada nem quero abrir a boca, detesto sujeira e bagunça, adoro filmes, adoro música alta (bem alta), não suporto a ideia de ser enganada e por isso mesmo fuço celular, computador e tudo mais que estiver por aí de bobeira. Sou extremamente carinhosa e dedicada, desde que não esteja me sentindo escanteada. Se por acaso eu sentir que algo está estranho, sai de baixo. Viro a pior naja que alguém já pode ter encontrado se eu descobrir uma traição: arquiteto vinganças dignas de roteiro de filme. Resumindo: sou virginiana. Quem nesse mundo, além da minha filha que também é virginiana, aguenta uma pessoa tão difícil quanto eu? Ou eu finjo ser quem não sou para não ficar sozinha ou vou ficar sozinha. Será mesmo que só existem essas duas opções? Será que estou sendo muito pessimista? É que depois de um final de semana tão bom, tão bom que nem consegui dormir do domingo para segunda fazendo a retrospectiva mental do que aconteceu, me vejo abandonada na segunda. É como se eu fosse alguém só sexta, sábado e domingo. Só sirvo para esses dias? E os outros cinco dias da semana? Tem horas que enche o saco servir de passatempo. O papo é bem simples de entender e de acreditar: “Vamos aproveitar só os momentos bons”. E os momentos ruins, eu passo sozinha? E os dias de carência, quem preenche? Todo ser humano é carente por natureza, e me irrito quando dizem que tenho que resolver isso sozinha. Tá, eu resolvo, assisto um monte de filme, me entupo de pipoca com leite condensado e queijo ralado, mas um cafuné cairia bem melhor. Quem sabe uns recadinhos recebidos no celular ao longo do dia? Um telefonema de boa noite? Um telefonema pela manhã, dizendo que acordou pensando em mim? São esses afagos que preenchem minha alma. Ser desejada é muito bom, mas não é o bastante. Preciso de carinho na sua forma mais sublime. Preciso achar que tenho alguém quando estou me sentindo vazia. Preciso ter alguém para gastar os bônus do dia do celular. Estou perdendo bônus de mensagens e minutos diário pra OI por não ter pra quem ligar ou escrever. Nem sei que bode é esse. Deve ser ainda o bode pós aniversário. Vai passar, eu sei.




Terça, 20/10/09

Você encontrou sua Lotte, meu doce Verter, e eu, quem sou nessa história? Não sei qual de nós dois é o mais desgraçado.
Enquanto ensaiava escrever sobre o que me circunda, tentava esconder de mim que eu queria mesmo era escrever sobre você e sobre o que representou te reencontrar depois de seis meses. Li para você pedaços da nossa história daquele caderno que teima em não querer acabar. Não sei por onde começar. Talvez por sua recente paixão ou talvez pela força que descobri ter longe de você.
Quando você foi embora, naquele dezenove de abril, sabia que algo em mim iria junto, e não teria volta. Tive essa certeza quando permiti que retornasse, e se permiti é porque sabia que estava forte o suficiente para aguentar suas idas sem fim. Fiquei surpresa ao me confidenciar que estava apaixonado por alguém inatingível. Vibrei com isso. Não poderia receber melhor presente da vida nessa circunstância. Agora, curada de você, não dói nem um pouco ser tua confidente. Vou admitir que senti até certo prazer em te ver numa paixão de mão única, igual a que nutri por você. Quem sabe assim você não passa a me entender?
- Como você está apaixonado por ela e está aqui comigo?
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra...
Deu para me entender agora?
Estar apaixonada por você não poderia me impedir de viver. Era você que eu queria, mas enquanto você duvidava ou arrumava pretextos para não admitir que não me queria, eu ia vivendo, passando o tempo com pessoas legais, que tornaram meus dias e noites menos solitários. Essa não é sua fórmula? Desde o início eu sabia como agia, e por isso nunca deixei que fosse o único em minha vida. Mas você era o único por quem eu era apaixonada. Ah, que doce é o verbo no passado! Eu era apaixonada. Era. Mas isso não quer dizer que no presente eu não goste de você. Gosto, mas sem a devastadora paixão. E isso não quer dizer que eu não volte a me apaixonar, coisa, aliás, que acho que você quer. Eu sei que te faz bem ter pessoas apaixonadas ao teu redor. Chega a ser vital em sua vida.
Esse tempo longe de você passou tão rápido! Nem parece que fiquei meio ano sem te ver e sem praticamente falar contigo. Tanta coisa mudou dentro de mim e tanta coisa permanece igual. A gente se adapta rapidamente às situações mais adversas, e me acostumei a ficar sem você. Isso não tem retrocesso. O vazio que você deixou continuou vazio e assim vai ser, vai continuar vazio. Nem você mesmo é capaz de preencher o rombo que deixou. Ironicamente, o vazio foi quem me fez ficar forte. Você não sabe o quanto me custou olhar diversas vezes para o telefone tocando e não atender. Não podia falar contigo. Precisava te esquecer. Precisava tirar você de dentro de mim, já que estava na minha vida só por diversão. Estava querendo uma outra forma de convivência, e como não queria, tive que agir do meu jeito.
Agora parece que estamos no mesmo ‘time’. Eu gosto de você do modo que gosta de mim. A gente se diverte e fica tudo bem, pelo menos entre nós, porque vou te dizer: as coisas em mim andam meio confusas. Estou me enchendo desse negócio só de diversão e nada mais. Sinceramente, quando escrevi que estava fechada para balanço, eu estava mesmo. Mas aí resolveu todo mundo aparecer ao mesmo tempo agora e fiquei numa sinuca, querendo resolver as pendências de cada um. No fim das contas não sei se resolvi. Sei que me diverti.
Quanto à minha fortaleza, não se engane: sou mais forte do que pode imaginar. Só o rosto é de anjinho, você sabe bem...
Ser forte inclui se apaixonar quando é inevitável, chorar quando se tem vontade e sumir por necessidade de autopreservação.
Diferente das outras vezes, quando você ia e eu não sabia se voltaria, dessa vez tive a certeza que pessoas que se gostam nunca se deixam. Senti uma alegria incomum. Fiquei rindo sozinha, dançando pelo apartamento, feliz por ter me enganado em relação a você. Eu te julgava perdido, e, no entanto, tinha apenas esquecido que às vezes a ausência só confirma o quão presente é a outra pessoa em nossa vida.


“Você diz a verdade, e a verdade é seu dom de iludir.”

“A noite é muito longa e eu sou capaz de certas coisas que eu não quis fazer...Será que existe alguém ou algum motivo importante que justifique a vida ou pelo menos esse instante?”

“É tudo real nas minhas mentiras.”


"Nenhuma voz irá me fazer calar. Sou o que sou, ah, eu não douro a pílula."