segunda-feira, 28 de junho de 2010

Voarás

Essa música é de uma delicadeza ímpar...


domingo, 27 de junho de 2010

Omeletes e recordações

Então eu fiz um omelete. Era simples, de carne moida, mas bem recheado. Nem sabia que aquele prato iria trazer recordações a ele. Disse que era a cara da sua infância pobre. Sua mãe sempre fazia omeletes para driblar a falta de comida, com pouco recheio, para muitas bocas. Também a minha infância teve cheiro de omelete. Às vezes de carne moida, às vezes de sardinha, às vezes sem qualquer recheio. Minha mãe também sabia contornar o vazio da despensa e geladeira. E eis que estou aqui, adulta e sigo os passos dela sem nem me dar conta. No dia das mães esse ano fiz omelete. Não foi para lembrar da minha mãe, foi porque só tinha ovos e uma lata de sardinha. Queria ter ido a um restaurante com minha filha mais velha, a que mora comigo, mas não deu. Então, sentamos à mesa e contei a ela que omelete de sardinha é um prato raro e caro, porque sardinhas são peixes difíceis de serem encontrados e cada lata custa uma fortuna, por isso escolhi esse prato para comemorarmos o dia das mães. Ela ria muito entre uma garfada e outra por perceber meu bom humor até nos momentos quando falta tudo. Sei que quando for adulta e sentir cheiro de omelete lembrará de mim, de nós, daquele dia das mães, onde mesmo tendo almoçado algo tão simples, não poupou surpresas para mim. Fez uma caça ao tesouro, em que cada bilhetinho continha a pista para o próximo lugar onde estaria escondido meu presente. Após encontrar os oito bilhetinhos, cada um mais carinhoso que outro, finalmente encontrei meu presente: uma sandália linda, que veio em boa hora, pois estava sem nenhuma. O presente foi uma delicadeza do pai dela, que, pela primeira vez, em doze anos, lembrou que sou a mãe da filha dele. Talvez ele tenha comido omelete também...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

" Não estou falando de um mundo cor-de-rosa ou de pessoas perfeitas, sempre prontas para nos acolher, amar, caminhar ao nosso lado. Não falo disso, mas da tristeza nos olhos de quem vira as costas e a gente não vê. A beleza por dentro de um peito encouraçado que a gente não sente. A solidão de quem afasta um amor e se deita em camas tão frias. É do instante quando os olhos se perdem no nada e nenhuma mentira é capaz de enganar si mesmo. É desse instante solitário, desse instante sem abraço, que eu digo. Todo mundo vai virar as costas ou dizer que merece coisa melhor ou debochar das mentiras que eles contam...mas a gente pode sempre voltar e acolher com amor, ser os primeiros a começar. Afinal, se a hostilidade do mundo despertar a nossa, quem vai ser o primeiro a sorrir? "

Rita Apoena

segunda-feira, 7 de junho de 2010


Eu não quero sentir a obrigação de ter que me desculpar por sentir. E eu sinto muito; eu sinto muitas coisas, todas doidas, desconexas, em ciclos. Por isso gosto de ser só. Só, não preciso me preocupar em fingir que não sinto. Só, não preciso me preocupar em magoar ninguém. Só, eu sou completamente livre e é a única forma que sei viver : livre!