domingo, 18 de abril de 2010


Há coisas que sei porque acontecem, mas nem por isso deixo de senti-las. É como saber porque se está com dor de cabeça depois de uma bebedeira. A dor lá passa por conta de eu saber o motivo dela estar lá?
Estou sentindo a agonia da abstinência do abraço, do carinho, dos beijos. E com direito a todos os sintomas da abstinência: irritação, suores, tédio. Nem as cervejas despejadas aos litros no estômago me fizeram ficar alegre, ou sequer bêbada. Bebi ontem a tarde toda, a noite toda e voltei para casa como se tivesse tomado duas garrafas de 2,5 litros de Coca-cola. Estava elétrica, com vontade de ter alguém para não dormir, para enroscar o corpo, para tomar banho junto. Tive que me contentar em terminar a noite assistindo um filminho-comedinha-romantiquinha, que na verdade me deixou foi deprimida. O casal do filme se conhece depois de descobrirem que têm câncer em estado terminal. E dá-lhe eles fazerem tudo que tinham vontade antes que morresem. Por favor, me economize. A vida está em contagem regressiva desde que nascemos, e não é preciso saber que se está com os dias contados para se fazer o que tem vontade. Faço tudo que tenho vontade, desde que essa vontade não esteja condicionada a ter dinheiro, porque isso eu não tenho. Nunca tive. O dinheiro foge de mim como o diabo foge da cruz. Tenho o mínimo do mínimo que alguém precisa para viver. Tão mínimo que não consigo deixar minha conta de luz em dia, não consigo pagar meu plano odontológico há dois meses, não consigo não atrasar em pelo menos 15 dias a conta da internet. Essa está em segundo lugar na prioridade de pagamento das contas. Em primeiro vem a energia e em terceiro vem os dentes. Todo pobre tem que ter uns buracos nos dentes não é não?? As cervejas que tomo são cortesias dos amigos e amigas. O cigarro eu mesma compro.
Mas voltando ao assunto da abstinência, estou sofrendo porque estive muito abraçada, muito beijada no mês passado. E no retrasado. E agora me custa ficar dias sem carinho, sem mãos fortes para me apertar com vontade. O apartamento aqui tão cheio de espaços para festinha a dois e eu vendo filme água com açúcar sozinha. Aí me olho no espelho antes de dormir, ainda maquiada, e gosto do que vejo. Uma mulher bonita. Sorrio para mim, me desejo boa noite, ajeito o lençol e espero ao menos ter sonhos bons na madrugada...

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