
A pessoa escreve, apaga, escreve, apaga. As palavras não saem como querem sair. Há uma espinha no meio da goela que impede que as coisas venham à tona com forma própria. Quero dizer que estou com medo do próximo inverno. Tenho suado tanto que não sei se estarei preparada para o frio que virá. Esse ano tudo foi tão bom! Assusta-me não saber do futuro. Se for algo ruim? Está tudo tão aprumado...Ou estava, sei lá. Acho que o que aconteceu foi que fui me adaptando a cada contratempo que vivi. Sou meio elástica, contorcionista, mágica. E adoro esse céu roxo de Campina. Hoje seria uma boa noite para ficar na varanda até os passarinhos acordarem. Posso trocar a noite de ontem pela de hoje? Posso ficar com todas as noites? O dia me cansa. O dia é áspero. A noite é bruma leve, é paixão. Continuo com medo, apesar da lua cheia...