domingo, 7 de novembro de 2010

"Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira". Manoel de Barros

Acho graça de quem vem aqui, lê o que escrevo e toma isso como verdade. Escrevo para confundir. Digo qualquer coisa que as palavras me proporcionem dizer. Brinco, trocando o sentido das ideias. Não vivo o que escrevo. Vivo na minha imaginação. Faço dela um emaranhado com todas as linhas desse novelo. Não tentem me adivinhar. Minto com cara de verdade. E faço a verdade parecer mentira. Manipulo minhas faces e obtenho o olhar que desejo. Ninguém, ninguém me conhece! Até para quem acha que me conhece: eu faço você achar que me conhece.

Agora, para aliviar a ressaca do domingo, uma poesia minha:

O Tempo

O tempo dissolve cheiros, desmancha beijos, distorce imagens

O tempo esvazia o vinho, devolve a lucidez, imobiliza a saudade

O tempo engana os sabores, derrete o desejo, desencanta o sorriso

O tempo amolece a euforia, resseca a lembrança, entorpece a visão

O tempo recolhe as palavras, adormece as mãos, cala a vontade

O tempo desliga o abraço, desengrena a noite, enferruja a certeza

* * *

Ou seja, a ressaca também some com o tempo...

Um comentário:

Augusto e Luciana disse...

Adorei! A tua cara. Precisa nem DNA. Já te disse que admiro muito a espontaneidade com que escreves. Você poderia pensar: - pena que isso não dá dinheiro. Eu diria: - é verdade!