terça-feira, 9 de dezembro de 2008

sobre a delidadeza

Ainda sob o efeito da imensidão azul do céu e mar de Pipa, penso na delicadeza que é dar as mãos à alguém. Um gesto tão simples desse e que quer dizer tantas coisas. É como se fosse um passaporte para alcançar o lugar mais sublime do coração do outro. Andar de mãos dadas me encanta, me deixa segura. Parece que a pessoa diz: -Vê, você é importante e tem lugar em minha vida. E assim andamos, com as mãos e pensamentos entrelaçados num determinado instante. Sei que alí éramos nós dois e pronto. Era assim que eu gostaria de continuar andando. Feliz, com sorriso no rosto e de mãos dadas, sem muitos pensamentos que dispersam a alegria encontrada nas pequenas coisas, como dormir embalada pelo som da sua voz.
Toda a paisagem que visitei e vivenciei esses dias teve sua graça e beleza aumentada por ser você a outra mão que segurava a minha. Melhor que todo aquele azul é poder aprender sobre o verde dos teus olhos, é ver neles o contentamento quando me olha. E se teus olhos desviam dos meus sinto uma dor que pode ser traduzida em vazio. Sinto você indo, disperso, olhar vago, como se a procurar algo que ainda não sabe o que é. Talvez até saiba o que procura, porém não sabe onde encontrar. Em meu íntimo, num desejo bem secreto, eu queria ser o que procura. Então fico imaginando você descobrindo o amor em mim e fico vendo seu rosto de espanto, como a exclamar para si mesmo: Era você? Estava aqui o tempo todo e eu nem tinha percebido? Eu sei, é algo difícil de acontecer, e por isso mesmo causaria espanto.
Como te dizer o quanto me fez bem estar perto de ti, na "nossa casa" esses dias? Como te dizer que ainda estou entre a realidade de hoje e a de ontem? Dentro de mim tem um lapso de tempo e não consegui aterrisar totalmente. Enquanto voltava para Campina dormi no ônibus e sonhei com a gente na praia. Depois do almoço dormi de novo e também sonhei com as mesmas coisas. Parece que o cérebro não consegue dizer ao meu corpo que estou de volta. Ele ainda quer estar lá, passeando de mãos dadas, sentindo a brisa morna, vendo os golfinhos, sentindo a pele ser acariciada pelo mar de águas transparentes, olhando seus olhos...
Tanta coisa por falar, por viver e nem sei como fazer isso. E se eu deixasse a calma me levar? É o que tenho feito e o que é confundido com falta de gostar. Não posso atropelar o rítmo dos acontecimentos. Se vejo receptividade consigo extravasar todo carinho que tenho guardado para ti. E você sabe da sutil diferença entre permitir ou não que nossas mãos se entrelacem...
O que sei mesmo, e que nenhuma palavra vai te convencer nem vai pintar em ti a paisagem que trago em mim, é que fico feliz quando vou dormir e vejo que é você que aparece no último pensamento; que fico feliz quando vejo o dia acordar e trazer novamente você para mim. Então, nesses momentos, mesmo sem seu consentimento, suas mãos estão sempre dadas às minhas e sigo ao seu lado e te olho de canto de olho e te puxo para perto e te dou um cheiro bom no pescoço e te deixo um beijo sabor de amora nos lábios. Essa é minha paisagem preferida, maior que qualquer céu ou mar. É quando sinto toda a imensidão da vida, do poder gostar sem que para isso seja preciso pedir licença. É quando tenho certeza que o amor é maior que qualquer oceano...

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