domingo, 11 de janeiro de 2009

Ê Domingueira

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Os domingos, sempre estranhos, dessa vez apareceu diferente. Ali fora o sol diz que está quase na hora de partir, e o céu pinta de tons róseos as nuvens , que mais parecem esculturas de algodão. Cá em terra firme a vida é outra, cheia de pressa e sem ensaio. As providências concretas que preciso tomar congelam qualquer tentativa de lirismo. É um não sei quê que me dá, uma dose quase letal de realidade, que lima todas as possibilidades de sonhos bobos com o amor. Nem posso dizer que tenho tentado, pois estaria mentindo. Ao contrário, tenho afastado as tentativas sinceras de corações desavisados. Minto com sinceridade, ignoro sinais, magôo desnecessariamente, me apego em farsas propositalmente criadas já para não darem certo. Minha tática de defesa virou estratégia de vida e já não consigo mais me doar. Talvez bem lá no fundo eu ainda acredite em alguma coisa que não seja a vida prática, porém não sei quando deixarei isso vir à tona. Tudo que fez ser quem sou é coisa demais em comparação com bobagens que nos fazem gastar energia a toa. A armadura que me reveste se incorporou a mim e não existo mais sem ela. Somos um corpo só e não há como se desvencilhar. Tenho estado por tantas tempestades e ao mesmo tempo passeado por tantos jardins...Quando analiso friamente vejo que há um certo equilíbrio entre as emoções sorvidas e assim sigo sempre em frente, certa que momentos bons e ruins continuarão dando o ar da graça.
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